A RevistaRia
A revista virtual da Ria Livraria

Editorial
Direção: Marcos Benuthe
Coordenação Editorial: Morgana Kretzmann e Ian Uviedo
Produção e diagramação: Jarbas S. Galhardo

Amor a Mais
Paulo Mendes Campos já disse que o amor acaba, e Leminski concordou com ele. A amizade é uma forma de amor, e Carolina Maria de Jesus defendeu que a amizade do analfabeto é sincera. Tal como o ódio. Quando Amiri Baraka pergunta, no poema Kasbah, qual a palavra sagrada para surgir, retornar, destruir e criar, será que é amor? Talvez não. Para Bukowski era um cão dos diabos. Para Noémia de Sousa, o verdadeiro amor só viria quando a paz descesse sobre o campo de luta, e para Michael McClure, o amor só poderia ser feito, ou inventado, com carne. Dudley Randall, quando questionado por uma amiga, depois de mostrá-la um poema de amor recém-escrito, do por que não escrevia sobre os motins de Miami, respondeu que não havia nada de errado em escrever sobre amor, que o amor era fundamental elemento de revolta, e que muitas tragédias poderiam ter sido evitadas se as pessoas tivessem se amado mais. O peso do mundo é o amor, disse Ginsberg, e Maya Angelou respondeu que, se formos corajosos, o amor afasta as correntes do medo de nossas almas. O Amor de Toni Morrison fez barulho quando apareceu, e o amor de Eileen Myles se parecia muito com a guerra. E se nos engana o amor?, perguntou García Lorca, para quem o amor soava bem longe, feito o vento nas vidraças. Leonard Cohen disse que os poemas não nos amam mais, não podem nos ajudar, e o colombiano Gabriel García Márquez quis saber sobre o amor na cólera que Raduan Nassar entornou. Por que rimar amor e dor? O amor só é bom se doer? Pra uns, não passa de processamento orgânico, reação química. Pra outros, é belo. Ou falso. Afinal, o que é o amor? Para que serve? Para quem? Fogo que arde não sei o quê, isso que não é.
O que tem de peça, poema, conto, romance, tratado, ensaio, filme ou escultura sobre ele, não cabe aqui. Nem acolá. O amor, se colocado diante de um espelho, não é só amor. Do outro lado tem ódio, desamor, tesão, exclusão, política, debate, amizade, guerra, história. E mais.
Pensando nisso, convidamos artistas de alto calibre - entre escritores, poetas, fotógrafos, artistas gráficos - de vários cantos do país, a apresentarem sua visões sobre o assunto, que, tal como a arte, é inesgotável.
E agora, convidamos ao público leitor para mergulhar nos braços dessa terceira edição da REVISTARIA, sobre as faces e os disfarces do amor. Amais!

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- Eu tinha toda a razão, José Falero
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- Vento afora, Morgana Kretzmann
- Condicional, Natasha Felix
- Subtração, Nadia Barros
Entrevistas
Visuais
- Cartazes artesanais, Marcos Benuthe