A companhia de dança Maurício de Oliveira e Siameses nasceu em 2005, na capital paulista, por conta de uma busca de identidade ou linguagem autoral. Diversas experiências e estados de existência em cena, vividos diretamente no corpo do próprio coreógrafo, Mauricio de Oliveira, são partilhados, desde então, com os integrantes da companhia, que buscam amalgamar e retraduzir informações, que surgem da necessidade por um processo criativo, mas que também refletem um longo percurso, em companhias e em trabalhos solos no Brasil e na Europa.
O trabalho da Siameses incorpora informações do estudo da Yoga clássica (Iyengar), do balé clássico e de outras técnicas de reconhecimento do corpo, que favorecem a apreensão dos mecanismos de funcionamento dos modos de integração do corpo e da mente do artista (performer. A capacidade de enunciação verbal, como uma continuidade do movimento, e também a voz como geradora de movimento, fazem parte da estrutura de trabalho da Siameses. Também é parte integrante e essencial, desta mesma estrutura, a reflexão que conduz ao elaborar de um pensamento filosófico, para a apreensão de outras possibilidades da mente, assim como também do corpo.
Os novos estados de percepção vividos pelos interpretes provocam no espectador uma reverberação imediata e também um repensar da sua própria estrutura perceptiva. É esperado, em cada espetáculo, que o espectador vá além do estado de mero observador do desenvolver coreográfico e sinta um estado que está além do estético e que o leve a se colocar diante do corpo e de sua razão silenciosa.
“A Companhia foi criada em 2005, logo após eu retornar de um longo período, vivendo e trabalhando na Europa”, conta Mauricio de Oliveira, criador da Siameses. “Foram onze anos trabalhando em várias companhias de dança da Alemanha e Holanda. Por conta dessa longa experiência, senti a necessidade de desenvolver o meu próprio trabalho e agregar o que de melhor havia registrado no meu corpo e na minha mente”, explica o coreógrafo.
A Maurício de Oliveira e Siameses já se apresentou no México, Holanda, França e atualmente se organiza para ampliar suas conexões na América Latina. A companhia sobrevive com dinheiro público proveniente do Fomento à Dança, projeto criado pela Secretaria de Cultura do Município de São Paulo assim como também do Proac.
“A meta da companhia é continuar investindo no refinamento corporal do intérprete, na escrita astuta e singular de cada um, também objetivamos o aprimoramento do traçado dramatúrgico das obras, na tentativa de ampliar nosso público”, conta o coreógrafo. “Para 2016, concluiremos a Trilogia Alquimica (Nigredo/ Albedo/ Rubedo). Rubedo encerra a pesquisa a partir dos escritos de James Hillman, o criador da psicologia arquetípica. Nessa montagem, faremos uma síntese, recapitulando as duas primeiras fases. E ao arrematar a trilogia com Rubedo, esperamos que o ponto de arremate seja o indicativo para um novo percurso, a instauração de um novo corpo criativo, de um outro jeito, com outra linguagem e outro vocabulário”, finaliza Mauricio de Oliveira.